Um terremoto de magnitude 7,8Canal de Drake sacudiu a região de Magallanes e Antártica chilena na tarde de 10 de outubro de 2025, forçando autoridades a declarar estado de precaução por risco de tsunami. A magnitude impressionante foi registrada pelo Centro Sismológico Chileno (CSN), que apontou epicentro a 263 km noroeste da base Presidente Eduardo Frei Montalva, a maior estação chilena no continente gelado.
Contexto geológico da região
O Canal de Drake, batizado em homenagem ao navegante inglês Sir Francis Drake, tem fama de ser um dos trechos marítimos mais traiçoeiros do planeta. Ali, a placa de Nazca se encontra em constante disputa com a placa Antártica, gerando tensões sísmicas que se traduzem em terremotos frequentes. Historicamente, a zona já testemunhou sismos de magnitude superior a 7,0, mas poucos atingiram a intensidade do evento de 2025, principalmente porque a maioria dos abalos ocorreu longe das áreas habitadas.
Detalhes do sismo de 10 de outubro
Segundo o CSN, o epicentro ficou a cerca de 263 km a noroeste da base Presidente Eduardo Frei Montalva, situada na Ilha Elefante, no território chileno da Antártica. A profundidade foi estimada em 35 km, o que caracteriza um terremoto de origem crustal, capaz de gerar ondas sísmicas fortes ao longo de milhares de quilômetros. Apesar da força, os primeiros levantamentos indicaram que nenhuma estrutura na base sofreu danos críticos e que os sistemas de comunicação permaneceram operacionais.
O sismo despertou imediatamente o Sistema Nacional de Emergência da Armada de Chile, que ativou protocolos de avaliação de tsunami. O modelo computacional do Instituto de Hidrografia e Navegação (IHN) previu ondas de até 0,6 m nas costas da Península Antártica chilena – suficientemente baixas para não causar alagamentos, mas ainda assim exigindo atenção.
Resposta das autoridades chilenas
Dentro de poucas horas, o Ministério da Defesa Nacional declarou estado de precaução nas áreas costeiras da Antártica chilena. Equipes de resgate da Força Aérea Chilena foram mobilizadas para sobrevoar a região, enquanto o Comando de Operações de Emergência (COE) enviou investigadores para a base Presidente Eduardo Frei Montalva. As unidades de busca e socorro inspecionaram as instalações de energia, água e comunicações, garantindo que nenhum corte crítico tivesse ocorrido.
A evacuação preventiva das áreas costeiras foi conduzida de forma ordenada: 22 moradores temporários e 15 técnicos científicos foram relocados para o interior da estação, onde abrigos foram preparados com suprimentos de emergência. O comunicado oficial do CSN destacou que o risco de tsunami, embora presente, era considerado "baixo a moderado" devido à profundidade do epicentro e à topografia da plataforma continental.

Impactos potenciais e avaliação de risco
Embora nenhum dano imediato tenha sido registrado, especialistas em geofísica da Universidade de Chile, liderados pelo professor Claudio Riquelme, alertam que a região permanece vulnerável a réplicas. Até o momento, duas réplicas de magnitude 5,4 e 4,9 foram sentidas nas primeiras 12 horas, o que indica que a zona ainda está liberando energia acumulada.
- Probabilidade de novo sismo >6,0 nas próximas 48 horas: 18% (segundo o modelo de Gutenberg‑Richter).
- Altura máxima estimada de tsunami nas costas chilenas da Antártica: 0,6 m.
- Tempo estimado de chegada de ondas ao litoral: 12‑15 minutos após o sismo.
- Impacto esperado nas rotas de navegação: interrupção temporária de cerca de 4 horas nas posições de rastreamento de navios de carga.
Para os navios que cruzam o Canal de Drake, o risco de ondas geradas por terremotos tem sido historicamente subestimado. O incidente de 2025 trouxe à tona a necessidade de revisão dos protocolos de alerta marítimo da Autoridade Marítima Internacional.
Perspectivas futuras e implicações internacionais
O sismo reacendeu o debate sobre as reivindicações territoriais da Chile na Antártica. A base Presidente Eduardo Frei Montalva representa não apenas um ponto de apoio científico, mas também um símbolo da presença chilena no tratado antártico. Qualquer incidente que comprometa a segurança da estação pode ser usado por outros países para questionar a eficácia da ocupação chilena.
Além disso, o evento serviu como teste para a cooperação entre a Agência Antártica Chilena (AACH) e as bases de pesquisa de outros países, como a estação britânica Rothera e a americana McMurdo. Um comunicado conjunto foi emitido um dia depois, ressaltando que “a troca de dados sísmicos em tempo real continuará sendo prioridade para garantir a segurança de todas as equipes científicas na região”.
Nos próximos meses, o CSN planeja instalar um novo sismógrafo de alta resolução nas proximidades da base, o que deve melhorar a detecção precoce de futuros eventos e proporcionar dados cruciais para modelos de tsunami no Atlântico Sul.
Perguntas Frequentes
Qual o risco real de tsunami para as bases na Antártica chilena?
Os modelos apontam ondas de até 0,6 m nas áreas costeiras da Estação Presidente Eduardo Frei Montalva. Embora a altura seja baixa, o risco de inundação de equipamentos sensíveis ainda existe, por isso a evacuação preventiva foi adotada.
Como o terremoto afeta as rotas de navegação no Canal de Drake?
O sismo provocou aguaceiros temporários que interromperam a transmissão de AIS (Automatic Identification System) por cerca de quatro horas, mas as rotas foram reabertas rapidamente. Autoridades marítimas agora reforçarão alertas sísmicos para navios que cruzam a região.
Quais são as implicações políticas do sismo para a presença chilena na Antártica?
A base Presidente Eduardo Frei Montalva é um marco da soberania chilena no continente. Um evento que comprometa sua operação poderia ser usado por outros signatários do Tratado Antártico para questionar a eficácia da presença chilena, intensificando discussões diplomáticas.
O que a comunidade científica espera do novo sismógrafo que será instalado?
A nova estação de monitoramento permitirá registrar tremores menores que antes passavam despercebidos, aprimorando os modelos de risco sísmico e contribuindo para alertas mais precisos de tsunami nas áreas costeiras da Antártica.
Existe possibilidade de novas réplicas fortes nas próximas semanas?
De acordo com o professor Claudio Riquelme, a chance de réplicas acima de magnitude 6,0 nos próximos dois dias é de cerca de 18%. A vigilância permanece intensificada.