O STF começou a ouvir casos ligados ao que a Procuradoria‑Geral da República (PGR) chama de “plano de golpe” elaborado durante a gestão de Jair Bolsonaro. A primeira instância do Tribunal agendou sessões de julgamento para o Núcleo 4 nos dias 14, 15, 21 e 22 de outubro de 2025, logo depois que o ministro Alexandre de Moraes finalizou a fase de instrução e enviou o processo para análise colegiada.
Núcleo 4: militares acusados de organizar desinformação
O Núcleo 4 reúne sete réus, em sua maioria oficiais das Forças Armadas, que, segundo a PGR, comandaram operações de desinformação para espalhar notícias falsas sobre o pleito eleitoral de 2022 e promover ataques virtuais contra instituições e autoridades. Entre os acusados estão o major Ailton Gonçalves Moraes Barros, o major Angelo Martins Denicoli, o subtenente Giancarlo Gomes Rodrigues, o tenente‑coronel Guilherme Marques de Almeida, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal.
O Ministério Público argumenta que esses agentes criaram uma rede de bots e contas falsas nas redes sociais, manipulando a percepção pública e tentando minar a confiança no resultado das urnas. Documentos apresentados nas audiências apontam para trocas de mensagens que coordenavam a produção de conteúdos falsos e a difusão de teorias conspiratórias.

Núcleo 2: presença reduzida de testemunhas e acusações contra ex‑aide de Bolsonaro
Em paralelo, as audiências do Núcleo 2 revelaram outro cenário: apenas cinco das vinte testemunhas de defesa compareceram. Entre elas, o coronel Marcelo Câmara, ex‑aide‑de‑campa de Bolsonaro, foi interrogado sobre suposta coordenação de monitoramento e neutralização de autoridades públicas por meio de uma estrutura paralela de espionagem.
O baixo comparecimento gerou críticas da defesa, que alegou dificuldades logísticas e intimidação. Ainda assim, o Tribunal seguiu com os depoimentos, reforçando a seriedade com que está tratando cada uma das fases do processo.
Esses avanços ocorrem depois que o Primeiro Conselho do STF, em votação 4 a 1, condenou Jair Bolsonaro e sete aliados por crimes de golpe, marcando a primeira punição de um ex‑presidente brasileiro por esse tipo de delito. A decisão já gerou reações tensas no Congresso, entre partidos de oposição e apoiadores do ex‑mandatário, que questionam a imparcialidade do Judiciário.
O cenário atual indica que o STF pretende avançar rapidamente nas próximas etapas, com os julgamentos dos demais núcleos previstos para os próximos meses. Advogados de defesa continuam pedindo dilação de prazos e revisão de provas, enquanto a PGR enfatiza a necessidade de fortalecer a democracia contra tentativas de subversão.