Arthur de volta e a nova cara do meio-campo tricolor
O sábado promete clima de recomeço na Arena. A principal aposta de Mano Menezes para encarar o Mirassol é a reestreia de Arthur, que volta a vestir a camisa do Grêmio em um cenário de reconstrução e necessidade de pontos no Brasileirão. O técnico mira um time com mais controle de posse, passe curto e saída limpa desde os zagueiros.
Arthur deve atuar ao lado de Cuéllar na base do meio-campo. A dupla tende a dar equilíbrio: marcação mais firme do colombiano e qualidade de passe do gremista para conectar o time entre defesa e ataque. Com eles, Mano pode alternar entre um 4-2-3-1 e um 4-3-3, variando a altura dos meias conforme a pressão rival.
Mais à frente, a briga por uma vaga está quente: Edenilson e Cristaldo disputam o papel de meia mais adiantado, aquele responsável por pisar na área, finalizar de média distância e ajudar a pressionar a saída adversária. Se Edenilson ganhar a posição, o time ganha chegada na área e condução por dentro. Com Cristaldo, a equipe ganha mobilidade entre linhas e passes de ruptura nas costas da defesa.
Erick Noriega, recém-chegado da seleção peruana após as Eliminatórias de 2026, é o nome da vez no setor defensivo-central. Se estiver 100% fisicamente, começa. Caso contrário, Wagner Leonardo é o plano imediato para manter a linha segura ao lado de Kannemann. A leitura é simples: evitar ao máximo trocas tardias e preservar a estrutura do time nas primeiras rodadas pós-Data Fifa.
Outro ponto que muda a dinâmica é a ocupação dos corredores. Alysson Edward e Olivera disputam espaço para começar pelo lado, ajudando a dar amplitude, atacar o segundo pau e também fechar por dentro quando Arthur atrair a marcação. Mano quer laterais e pontas trabalhando em pares, com triangulações curtas e cruzamentos rasteiros no ataque.
Defesa reorganizada, retornos e o encaixe do ataque
Na defesa, há boas notícias no DM. Gustavo Martins volta a ser relacionado após lesão na coxa direita. Como vinha atuando de forma improvisada na lateral, sua presença dá alternativas para recompor a linha sem perder agressividade no duelo físico. Ele já treina com bola no CT Luiz Carvalho, em Porto Alegre, e deve ganhar minutos aos poucos.
Quem também reaparece é João Pedro. O lateral-direito fraturou a perna esquerda em maio, passou por uma longa recuperação e agora entra na lista de Mano. A volta não significa titularidade imediata, claro, mas ajuda a resolver um ponto sensível: o time precisava de um especialista na função para variar a saída com o lateral por dentro ou por fora.
Marcos Rocha tende a iniciar pela direita, com Kannemann e Noriega (ou Wagner Leonardo) formando a dupla de zaga, e Marlon na esquerda. A ordem é clara: compactar as linhas, evitar espaços entre setores e reduzir o campo do Mirassol para dificultar as transições rápidas do adversário.
No ataque, a ideia é repetir dupla e dar sequência. Braithwaite e Carlos Vinícius atuaram juntos no empate com o Flamengo e devem ser mantidos. Um faz o pivô e puxa zagueiros; o outro ataca os espaços livres. A sincronia entre ambos pode ser decisiva, principalmente se o meio-campo conseguir acelerar no terço final.
Willian, recém-contratado, ainda não estreia. O plano é integrá-lo sem pressa. Já Amuzu, recuperado de desconforto muscular, vira opção interessante no segundo tempo para aumentar a velocidade pelos lados e explorar contra-ataques, especialmente se o jogo pedir profundidade.
O cenário físico pesa nas escolhas. Depois da Data Fifa, o ritmo muda, e a comissão técnica prioriza atletas com maior lastro de treinos nos últimos dez dias. Isso também explica a cautela com Noriega e a concorrência direta com Wagner Leonardo.
O Mirassol, por sua vez, costuma se fechar bem no bloco médio, valoriza a organização e castiga erros de passe no início da construção. Para furar essa barreira, Mano pede paciência, circulação rápida de bola e inversões para surpreender o lado fraco da defesa rival. Bola parada também entra como trunfo: cruzamentos de segunda bola e escanteios curtos podem abrir o placar.
Na prática, o jogo será um teste da ideia de posse com agressividade. Arthur precisa tocar pouco na bola, mas sempre para frente; Cuéllar, cobrir os espaços; e o meia adiantado (Edenilson ou Cristaldo) tem de chegar na área para finalizar. Sem isso, a equipe fica previsível e empurra a decisão para o abafa.
A partida vale pela 23ª rodada do Brasileirão, sábado, às 16h, na Arena do Grêmio. Com a volta da torcida em bom número e o time retomando peças importantes, a expectativa é de pressão desde o início para transformar volume em chances claras.
Provável escalação do Grêmio contra o Mirassol:
- Tiago Volpi; Marcos Rocha, Erick Noriega (ou Wagner Leonardo), Kannemann e Marlon;
- Cuéllar, Arthur, Edenilson (ou Cristaldo) e Alysson Edward (ou Olivera);
- Carlos Vinícius e Braithwaite.
No banco, Mano deve priorizar alternativas para trocar o ritmo do jogo. Se estiver liberado para alguns minutos, João Pedro pode ganhar rodagem, enquanto Amuzu entra para esticar o campo. A leitura de adversário e as respostas rápidas do banco podem pesar tanto quanto a escalação inicial.
Em casa, depois de pausa internacional e com ajustes táticos claros, o Grêmio tem a chance de mostrar evolução coletiva. Se Arthur encaixar, a bola girar rápido e a dupla de ataque conversar, a equipe ganha um padrão que facilita as próximas rodadas.