Fibromialgia em debate: audiência pública no Recife cobra reconhecimento e atendimento especializado

Fibromialgia em debate: audiência pública no Recife cobra reconhecimento e atendimento especializado

Larissa Marques jul. 25 14

Fibromialgia: invisibilidade e luta por direitos em debate no Recife

Nem sempre dor crônica é compreendida. Quem enfrenta a fibromialgia sabe disso na pele – ou melhor, no corpo e na rotina. Uma audiência pública realizada em 12 de maio de 2025, no Recife, escancarou esse cenário: desinformação, falta de reconhecimento formal e obstáculos que vão além da saúde. O encontro reuniu pacientes, autoridades, médicos e familiares para expor dores e cobrar soluções concretas do poder público.

Liana Cirne, vereadora e uma das principais vozes no evento, resumiu o drama vivido por quem procura alívio e, às vezes, encontra desdém. "Chega de dizerem que é doença imaginária. A falta de preparo de alguns profissionais só piora o quadro de quem precisa de acolhimento e respeito", declarou. O depoimento de pacientes deixou claro que a falta de reconhecimento nos hospitais gera um ciclo de sofrimento: consultas sem diagnóstico preciso, tratamento errado e até constrangimento durante atendimento.

  • Desinformação entre profissionais de saúde dificulta diagnóstico e agrava sintomas;
  • Falta de centros especializados compromete o acesso ao tratamento adequado;
  • Pacientes relatam preconceito e descrédito ao buscarem ajuda médica.

Reconhecer fibromialgia como deficiência: urgência no papel e na prática

Patrícia Rocha, presidente da Associação de Fibromialgia de Pernambuco, não poupou críticas ao descaso institucional. Ela destacou que 19 estados brasileiros já tratam oficialmente a fibromialgia como deficiência (PcD), mas Pernambuco ainda não entrou na lista. Esse reconhecimento muda tudo: garante prioridade em filas, acesso a benefícios e vagas reservadas no mercado de trabalho. Para quem precisa fazer fisioterapia, consultas regulares e uso de transportes públicos, ser PcD não é privilégio – é uma ferramenta de sobrevivência.

Outro ponto forte da audiência foi o apelo por centros de referência com equipes multidisciplinares. Psicólogos, fisioterapeutas, médicos reumatologistas e até assistência social integrados – tudo para tratar a dor crônica de um jeito humano. Os relatos também reforçaram a urgência de políticas públicas que ampliem o acesso a transporte adaptado, já que muitos pacientes não conseguem chegar às consultas por falta de acessibilidade.

  • Associação cobra Pernambuco para reconhecer fibromialgia como PcD;
  • Pacientes enfrentam taxas altíssimas de desemprego por limitações físicas e preconceito;
  • Questões como transporte adaptado e gratuidade no atendimento ainda são obstáculos para os portadores.

Um dado citado durante o encontro chama atenção: segundo levantamento feito pela associação local, mais da metade das pessoas com fibromialgia em Recife está fora do mercado de trabalho – seja por dor incapacitante, seja pela falta de compreensão dos empregadores. O cenário só reforça a necessidade de um olhar atento do Estado para garantir dignidade e oportunidade a todos os cidadãos, independente da condição de saúde.

Comentários (14)
  • Felipe Vieira
    Felipe Vieira 27 jul 2025
    Mais uma discussão que vira palanque político
    Quem sofre de fibromialgia não precisa de audiência, precisa de médico que saiba o que é isso
  • Tatiane Oliveira
    Tatiane Oliveira 28 jul 2025
    Ah sim porque é claro que dor que não aparece em exame é "imaginária"... enquanto eu tiver que explicar pra minha mãe que não estou só "preguiçosa" por não levantar da cama, vou continuar achando que o sistema é uma piada com o meu corpo
    ainda bem que tem vereadora que não é burra, pelo menos
  • Luiz Pessol
    Luiz Pessol 30 jul 2025
    Fibromialgia é real. Mas o sistema de saúde tá tão ruim que qualquer coisa vira diagnóstico de última instância.
  • Samila Braga
    Samila Braga 31 jul 2025
    Eu acho que reconhecer como deficiência é o mínimo. Mas e se a gente parasse de pedir permissão pro Estado e começasse a construir redes de apoio entre nós? Tipo, grupo de transporte compartilhado, terapeutas voluntários, troca de dicas de médicos que não te chamam de louco...
    Se o governo não faz, a gente faz. 😊
  • Cassio Santos
    Cassio Santos 2 ago 2025
    PcD. Claro. Tudo tem que ser classificado. E agora? Vão dar vaga no metrô pra quem sente dor ao sentar?
  • Ana Julia Souza
    Ana Julia Souza 3 ago 2025
    Isso é um começo 💪❤️ Eles não veem a dor, mas a gente vê a coragem de quem fala. Vamos continuar! 🙌
  • Cibele Soares
    Cibele Soares 4 ago 2025
    Interessante como todos falam em "reconhecimento"... mas ninguém menciona que 70% dos diagnósticos de fibromialgia são feitos por exclusão, ou seja, quando o médico já desistiu de encontrar outra causa. Isso não é reconhecimento. É desistência disfarçada de política pública.
  • Aline Soares
    Aline Soares 5 ago 2025
    Na Ásia, fibromialgia é tratada com acupuntura, tai chi e terapia de grupo desde os anos 90. Aqui, ainda discutimos se é real. A gente não só atrasa, como colonializa a dor.
  • Luís Pereira
    Luís Pereira 7 ago 2025
    Se a dor é crônica, então o sistema tem que ser crônico também. Não adianta um decreto e depois esquecer. É como colocar um curativo em uma hemorragia e dizer que "agora tá resolvido" 🤷‍♂️
  • Leonardo Valério
    Leonardo Valério 8 ago 2025
    E se isso tudo for um plano da indústria farmacêutica pra vender mais antidepressivos? Ninguém investiga isso. A fibromialgia é o novo "síndrome da fadiga crônica" - só que agora com mais hashtags e menos ciência.
  • Vitor Coghetto
    Vitor Coghetto 8 ago 2025
    O problema real não é só o reconhecimento legal - é a falta de formação médica básica. A fibromialgia é um distúrbio neuromodulatório central, com hipersensibilidade do sistema nervoso, alterações no metabolismo da serotonina e dopamina, e padrões de dor somática difusa que não respondem a anti-inflamatórios tradicionais. Mas os médicos ainda acham que é "estresse" ou "ansiedade". O que falta são cursos de atualização, protocolos claros, e, principalmente, respeito. E não, não é "coisa de mulher" - 80% dos casos são femininos porque o sistema de diagnóstico é viesado, não porque homens não têm. Eles só são menos propensos a procurar ajuda - e isso é um problema cultural, não biológico. E sim, o transporte adaptado é urgente. E sim, o desemprego é estrutural. E sim, o Estado tem que agir. Mas antes disso, tem que ensinar os profissionais. Porque sem isso, todo decreto vira papel de parede.
  • Ivan Borges
    Ivan Borges 9 ago 2025
    A integração multidisciplinar é o único modelo de cuidado que faz sentido nesse contexto. A abordagem biopsicossocial é a única que resiste à validação empírica - e ainda assim, é ignorada pelo SUS. Precisamos de centros de excelência com fluxo clínico padronizado, e não mais audiências que viram evento de mídia.
  • Daniel Vedovato
    Daniel Vedovato 10 ago 2025
    É triste. Ver um povo inteiro sofrendo em silêncio, enquanto burocratas discutem nomes de portarias. A dor não espera por decretos. Ela grita. E ninguém ouve.
  • Sonne .
    Sonne . 11 ago 2025
    Fibromialgia é só mais um jeito de dizer que o corpo não obedece mais. E o mundo? Ele ainda espera que a gente sorria e vá trabalhar.
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